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A importância de uma boa estação de monta para a produção do “bezerro do cedo”

A importância de uma boa estação de monta para a produção do “bezerro do cedo”

11/12/2023

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A importância de uma boa estação de monta para a produção do “bezerro do cedo”

Bezerro do cedo: estratégia para garantir a eficiência na pecuária de corte brasileira.

O Brasil é reconhecido internacionalmente por sua excelência na genética zebuína. Apesar disso, a implementação da estação de monta e das tecnologias de reprodução ainda não se tornou predominante nos sistemas de cria. Muitos produtores ainda enfrentam desafios relacionados a taxas de fertilidade abaixo do desejado.

O objetivo principal nos sistemas de produção de bovinos de corte é alcançar o desmame de um bezerro por matriz a cada ano (bezerro/ano/matriz). Nesse sentido, é importante que o produtor tenha uma boa estratégia de monta para a produção do bezerro do cedo.

Este, por sua vez, é o bovino que será resultado da monta feita durante a estação de chuva. Dessa forma, a gestação ocorrerá em uma época com maior oferta de pasto, garantindo alimento para que a matriz desempenhe uma boa gestação e, consequentemente, impacte positivamente no desempenho do bezerro que está por vir.

Além disso, o nascimento do bezerro no período chuvoso oferece maiores desafios sanitários, sendo assim, o planejamento adequado permite que a parição aconteça na estação de seca, geralmente em meados de agosto, reduzindo as chances de doenças e favorecendo o desenvolvimento da cria.

A falta de eficiência reprodutiva representa um dos principais desafios enfrentados pela pecuária nacional

Para melhorar os indicadores zootécnicos na cria, os rebanhos de corte dependem da implementação de estações bem definidas para a monta, o parto e o desmame. Essa estratégia desempenha um papel fundamental na garantia da eficiência e da sustentabilidade do sistema de produção.

Quando um produtor não implementa uma estação de monta e não conduz um monitoramento reprodutivo adequado, é difícil identificar os índices reprodutivos, ainda mais os que dizem respeito à detecção de vacas vazias no rebanho. Além disso, muitos produtores ainda optam por manter essas fêmeas vazias como parte do processo de reposição do rebanho, agravando ainda mais as questões relacionadas à eficiência produtiva.

Atualmente, estratégias estão sendo implementadas para elevar os índices reprodutivos da pecuária de corte, como a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), a fim de reduzir a Idade ao Primeiro Parto (IPP) e, consequentemente, encurtar a estação de monta.

Conforme já vimos, estudos demonstram que, quando há um maior número de fêmeas prenhas no início da estação de monta, os partos ocorrem durante o período seco, que é mais propício para a saúde dos bezerros, resultando em uma significativa redução da taxa de mortalidade desses bovinos.

A importância do bezerro do cedo

Para assegurar a concepção precoce dos bezerros (o bezerro do cedo), além de uma estação de monta bem estruturada, a nutrição desempenha um papel fundamental, já que a fertilidade das fêmeas está intrinsecamente relacionada ao seu peso corporal.

Como diz o conhecido ditado, “o cio entra pela boca”. Fêmeas que emprenham no início da estação de monta, terão o terço médio da gestação ocorrendo entre os meses de março e abril, durante a transição das águas para o período de seca.

Isso é vantajoso pois, durante esse período, ainda há disponibilidade adequada de forragem. Com isso, as fêmeas que desfrutam de uma melhor oferta de forragem, podem repor suas reservas e recuperar seu escore de condição corporal, se preparando para o momento da parição e para a próxima estação de monta.

Os bezerros nascidos nesse período tendem a ser desmamados com pesos mais elevados em comparação àqueles que são concebidos no final da estação de monta.

Falando em números:

Por exemplo, um bezerro Nelore resultado de uma primeira Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) pode ser até 15 kg mais pesado do que um bezerro proveniente de acasalamento natural. Esse aumento significativo no ganho de peso, destaca um dos benefícios da tecnologia de reprodução assistida.

Se considerarmos um bezerro F1 (bezerro oriundo do primeiro cruzamento, que pode ser advindo da mesma raça ou outra, como a Angus, que definimos como cruzamento industrial), poder-se-ia obter o dobro de ganho em peso corporal, representando um acréscimo de até 30 kg no peso do bezerro.

Exemplificando:

  • Um bezerro Nelore de desmame apresenta um peso médio de 195kg. Segundo levantamento da Scot Consultoria, em São Paulo (novembro/23) um bezerro de desmame é negociado em média por R$1.880,00, o que equivale a R$9,64/kg. Um bezerro nascido na estação do “cedo” pode pesar até 15kg a mais, ou seja, se esse bovino for negociado com base em seu peso vivo (R$/kg), o pecuarista ganharia, por cabeça, R$144,60.
  • Já o bezerro de desmame, resultado de cruzamento industrial (nelore x angus), segundo levantamento da Scot Consultoria, com peso médio de 225kg, é negociado em média por R$2.200,00, o que equivale a R$9,77/kg. Ao acrescentar os 30 kg referentes ao ganho em decorrência do nascimento da estação do “cedo”, o ganho será de R$293,10/bezerro.

Ou seja: é de extrema importância que o planejamento da estação de monta seja sincronizado com a época do ano em que há maior disponibilidade de forragem para as fêmeas, geralmente durante o período mais chuvoso. Isso assegura que as fêmeas estejam em condições ótimas de saúde e nutrição para conceber precocemente e gerar bezerros de melhor qualidade.

Figura 1.

Distribuição durante o ano da estação de monta, desmame e parição, considerando o Brasil-Central.

Elaborado por: Scot Consultoria

Ferramentas biotecnológicas, como a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), têm proporcionado vantagens significativas aos pecuaristas em sua busca por melhorias em seus rebanhos. Através da implementação da IATF, especialistas têm trabalhado na antecipação do início da estação de monta, levando-a até mesmo aos meses de outubro e, muitas vezes, ao final de setembro, com o objetivo de alcançar o nascimento dos “bezerros do cedo”.

A escolha da data de início da estação de monta deve ser baseada em uma série de fatores, incluindo o manejo nutricional, as instalações disponíveis, as metas de produção e as características do rebanho. Além disso, é fundamental consultar um veterinário ou um especialista em reprodução bovina para garantir que a estratégia adotada seja adequada às condições específicas da sua propriedade e aos objetivos de produção.

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