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Ciclo pecuário de preços: onde estamos, para onde vamos?

Ciclo pecuário de preços: onde estamos, para onde vamos?

06/07/2023

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Ciclo pecuário de preços: onde estamos, para onde vamos?

Vários fatores afetam a cotação da reposição e a do boi gordo, sendo a oferta o fator de maior peso.

Os preços dos bovinos para reposição e os do boi gordo são cíclicos, subindo e descendo num intervalo de tempo de acordo com a oferta. A esse comportamento dá-se o nome de ciclo pecuário de preços.

O ciclo pecuário dura de 5 a 7 anos, de acordo com os dados de abate de 1997 a 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números revelam também que o intervalo entre as altas e as baixas de preços vêm diminuindo, ou seja, o ciclo está encurtando.

A maior ou menor oferta é determinada pelo preço do bezerro, pela reposição. Quando o preço da reposição está atraente há retenção de vacas para a produção de bezerros. A retenção de matrizes para cria, reduz a oferta de bovinos para abate, a oferta cai e a cotação da arroba do boi sobe.

Esse movimento dura até que a produção de bezerros seja tanta que o mercado não a absorve com facilidade e, o preço cai. Com a queda do preço do bezerro, assiste-se a um desestímulo à produção e matrizes são enviadas para o abate, aumentando a oferta e derrubando a cotação do boi.

Resumindo, é o abate de fêmeas, de matrizes que determina o aumento ou a redução da oferta, uma vez que o abate de machos é regular. Todo bovino macho vai para o abate, para a produção de carne.

Figura 1
. Ciclo pecuário de preços brasileiro.

Fonte: Scot Consultoria

Reforçando, o ciclo de alta começa com a diminuição da oferta de bezerros no mercado, estimulando a cria e consequentemente a retenção de fêmeas e o aumento da cotação do boi gordo.

O ciclo de baixa começa com o aumento da oferta de bezerros e queda de preço dos bovinos para reposição, desestimulando a cria e estimulando a oferta de fêmeas para abate. Com a maior oferta de bovinos, as cotações do boi gordo caem.

Onde estamos?

De 2018 a 2021, a participação de fêmeas no abate de bovinos caiu, respondendo por 33,8% dos abates em 2021, configurando a menor participação de fêmeas no abate de bovinos desde 2002. O pico de preço do boi gordo foi atingido em 2021 (R$329,68/@ – preço deflacionado).

A participação de fêmeas no abate de bovinos aumentou em 2022 frente a 2021. Os dados apontam que a participação de fêmeas totalizou 37,3% em 2022 (figura 2).

Figura 2. Evolução dos preços do boi gordo (eixo da esquerda), deflacionados pelo IGP-DI, e participação de fêmeas no abate de bovinos (eixo da direita).

Fonte: IBGE e Scot Consultoria

Em 2023, com a oferta de bezerros elevada, em função da retenção de fêmeas nos anos anteriores, os preços caíram e o descarte de fêmeas aumentou, o que tem pressionado o mercado do boi gordo.

Considerações finais

Viveremos um período de preços largados em função da oferta vigente, mas considerando que a maior parcela do custo de produção é o próprio bovino, agora é um bom momento para investir na atividade para aproveitar o próximo ciclo de preços altos.

Com a queda do preço da reposição, o custo para recriadores e invernistas melhorou.

Tendo caixa, aumentar o estoque de arrobas agora é uma boa estratégia visando os próximos anos. Acompanhe, na figura 3, a relação de troca entre boi gordo e a desmama. É notável a melhoria da relação de troca entre a arroba do boi gordo versus a cotação da desmama.

Figura 3. Relação de troca: arrobas de boi gordo para a compra de desmama, em São Paulo.

Fonte: Scot Consultoria