De acordo com os dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, no dia 1º de novembro teve início a segunda etapa da campanha nacional de vacinação contra a febre aftosa de 2021. Nesta etapa, deverão ser vacinados cerca de 78 milhões de bovinos e bubalinos com até 2 anos de idade. A vacinação ocorrerá na maioria dos estados brasileiros.
Cada estado apresenta um calendário para vacinação. Em 2021, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) disponibilizou o calendário com os estados, número de doses e mês de aplicação, veja abaixo.
Figura 1.
Calendário nacional de vacinação de bovinos e bubalinos contra febre aftosa.
Qual a diferença entre vacinação e imunização?
A vacinação em bovinos tem como objetivo prevenir a ocorrência e disseminação de doenças no plantel, garantindo a saúde dos animais e reduzindo os prejuízos econômicos por decorrentes de questões sanitárias.
A função das vacinas é a prevenção de doenças através do contato e da estimulação do sistema imunológico, conhecido como sistema de defesa, responsável por produzir anticorpos contra o agente e adquirir memória imunológica para o agente infectante.
A vacinação e a imunização, apesar de serem tratadas como a mesma coisa, tem significado diferentes. A vacinação é o ato de inocular a vacina no animal, fazer a aplicação do produto, já a imunização é a proteção adquirida pelo animal contra o agente causador.
O Brasil avança pela busca do status de país livre de febre aftosa sem vacinação
A febre aftosa é uma doença altamente contagiosa que afeta animais com casco fendido (biungulados) como bovinos, suínos e ovinos.
A doença é caracterizada pela formação de vesículas, bolhas e úlceras nas mucosas oral, nasal, na região de dos cascos e mamas. Os animais infectados apresentam febre alta, manqueira, babeira, perda de apetite e prostração.
O vírus causador da enfermidade é transmissível e se dissemina rapidamente entre os próprios animais e propriedades, por meio de objetos e materiais contaminados, como água, ração, roupas e ferramentas.
O Brasil apresenta regiões livres de febre aftosa com reconhecimento internacional pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), onde a vacinação não é mais obrigatória. É o caso dos estados de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e parte do Mato Groso e do Amazonas.
Figura 2.
Mapa com as estratégias de vacinação contra febre aftosa no Brasil.
Evolução dos números da vacinação contra aftosa no Brasil
A média de cobertura vacinal da febre aftosa vem crescendo nos últimos por conta das políticas públicas implantadas pelo governo nacional e estadual com o objetivo de erradicar a doença e tornar o país livre da doença, sem vacinação, valorizando o rebanho e melhorando a qualidade sanitária.
Em 2001, a cobertura vacinal englobava 77,7% do rebanho nacional, enquanto no último relatório divulgado pelo ministério, 95,9% dos animais estavam vacinados.
Na primeira etapa da vacinação de 2020, foram vacinados 179,4 milhões de bovinos e bubalinos e a segunda etapa englobou a vacinação de 76,6 milhões de animais no pais.
Ceará, Paraíba e Piauí foram os estados que apresentaram menor cobertura vacinal na primeira etapa de 2020. Esses estados apresentaram taxas abaixas de 90%, com respectivos 89,3%, 78,1% e 85,6% de animais vacinados.
Considerações finais
As ações informativas por meio de campanhas de conscientização e adoção de políticas públicas vem surtindo efeito e o pecuarista está cada vez mais consciente de seu papel em relação a aplicação da vacina, e, como consequência, a saúde dos rebanhos cresceu últimos anos
A campanha nacional de erradicação da febre aftosa vem surgindo efeito e resultados já são seis novas regiões livres da doença sem vacinação reconhecidas internacionalmente neste ano. É o caso dos estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e parte do Mato Groso e do Amazonas.
A expectativa é que em 2021 a cobertura vacinal alcance uma maior parcela do rebanho brasileiro do que registrado em 2020 e que novos estados e regiões obtenham a certificação de área livre de febre aftosa sem vacinação.
São esperados avanços até o ano de 2026, ano de finalização do plano estratégico 2017-2026 elaborado pelo Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA).
Demais vacinas obrigatórias, de acordo com o calendário nacional de vacinação:
Além da vacina contra febre aftosa, o pecuarista deve ficar atento às outras duas vacinas que também fazem parte do calendário de vacinação nacional:
- Brucelose Os agentes etiológicos dessa enfermidade são bactérias provenientes do gênero Brucella, que causam abortos, mortes de bezerros recém-nascidos, queda nos índices reprodutivos e descarte precoce de reprodutoras.A brucelose é passível de ser transmitida ao homem e os meios prováveis de transmissão incluem: água contaminada, leite e carne crus e manuseio inadequado das vacinas, visto que se trata de uma vacina com carga bacteriana viva.A vacinação é obrigatória, sendo as vacinas B19 ou RB51 aplicadas em fêmeas com idade de 3 a 8 meses. É proibido a aplicação da vacina B19 em fêmeas com idade superior a 8 meses e em machos.
- Raiva A raiva é uma doença viral, incurável, que afeta o sistema nervoso central e pode acometer todos os mamíferos, inclusive o ser humano.A doença geralmente é transmitida através da inoculação do vírus rábico, contido na saliva de morcegos hematófagos. Outra forma de contaminação é através da transmissão entre mamíferos contaminados.Os principais sinais clínicos são: isolamento do rebanho, dificuldade de deglutição, paralisia dos membros traseiros, decúbito lateral e movimentos de pedalagem. A enfermidade age de forma rápida, com o óbito ocorrendo de 3 a 7 dias após o aparecimento dos sinais clínicos.A vacina deve ser aplicada em duas doses, com um intervalo de aplicação de 30 dias após a primeira.
Para saber mais sobre o assunto:
Calendário nacional de vacinação.
Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA
Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA)