Setores da economia, da moda até a alimentação, criam processos ambientalmente corretos para obter impacto social.
Vários setores de economia começam a acumular exemplos de projetos que buscam unir os negócios à preservação ambiental e impactos sociais positivos.
No segmento da moda, por exemplo, um dos resultados dessa cultura fomentada dentro das Lojas Renner, é o Selo Re, que destaca as peças que contemplam algum atributo de sustentabilidade. Na linha de calças jeans, 95% dos produtos já receberam o distintivo, por conta da redução do consumo de água no processo de fabricação ou por iniciativas de upcycling, reutilização de materiais – no caso, sobras de tecidos nos fornecedores da Renner ou roupas usadas trazidas às lojas pelos consumidores dentro do programa de logística reversa EcoEstilo.
Segundo Eduardo Ferlauto, gerente-geral de sustentabilidade da Lojas Renner, uma das principais metas da empresa para este ano é chegar a 80% dos produtos com pelo menos um atributo de redução de impactos ambientais nos processos ou nas matérias-primas. Marca que hoje está em 56%.
“A sustentabilidade está presente em todos os nossos processos, como um valor integrado à estratégia do negócio”, afirma Ferlauto.
Rastreamento
A Minerva Foods, uma das líderes na América do Sul na produção e comercialização de carne in natura e exportação de gado vivo – além de atuar no processamento de carnes –, anunciou investimentos de R$ 1,5 bilhão até 2035 para alcançar a neutralidade de carbono, meta destrinchada em vários outros objetivos ao longo do caminho.
“São novos passos em um processo que vem amadurecendo dentro da empresa desde 2009, quando anunciamos nossa política sobre desmatamento”, afirma Taciano Custódio, diretor de sustentabilidade.
A empresa tem se empenhado em superar uma dificuldade de todo o setor da pecuária, que é o monitoramento dos fornecedores indiretos – aqueles que estão nas fases iniciais da cadeia, entregando os bezerros aos fornecedores diretos. Por se tratar de uma cadeia extremamente diluída e difícil de fiscalizar – são 5 milhões de propriedades produzindo gado no País –, é nesses pequenos produtores que estão os maiores riscos de ilegalidades ambientais.
Uma das soluções sob teste, neste caso, é o Visipec, um software que utiliza recursos de inteligência artificial e big data para mapear os riscos de que um animal tenha sido criado, em algum momento, por áreas desmatadas ilegalmente, embargadas por órgãos ambientais ou que empreguem trabalho análogo à escravidão.
O desafio do rastreamento dos fornecedores indiretos tem suscitado o surgimento de startups dedicadas a buscar soluções. É o caso da Ecotrace, fundada em 2018 com a missão de “digitalizar a rastreabilidade e tornar a informação acessível a toda a cadeia”, a partir da utilização da tecnologia de blockchain – também conhecida como “protocolo de confiança”.
“Toda a vida de um frango, desde o ovo até a gôndola do supermercado, já pode ser acompanhada sem dificuldade”, comenta Flávio Redi, fundador da Ecotrace. O caso da pecuária é mais complexo, pois o bezerro tem vários donos ao longo da vida, dentro da estrutura produtiva que se consolidou no País.
Fazenda mais sustentável
A Fazenda Recreio, em São Sebastião da Grama (SP), dedica-se ao cultivo de café desde 1890, há cinco gerações sob o comando da mesma família. A partir de 2009, após parceria com a Nespresso, os cuidados com a sustentabilidade se intensificaram.
Uma das ações foi o reflorestamento das nascentes. “A Recreio tornou-se um laboratório de iniciativas sustentáveis sempre com muita disposição dos proprietários para experimentar novidades”, diz Guilherme Amado, líder do programa de qualidade sustentável da Nespresso.
A empresa também avançou em outras parcerias, como a feita com a AgroBee e o seu “Uber das abelhas”. A startup oferece polinização assistida por meio de um aplicativo que facilita o encontro entre quem quer o serviço e produtores de abelhas que têm disponibilidade para oferecê-lo.
Fonte: O Estado de S. Paulo