A Minerva Foods, maior exportadora de carne bovina da América do Sul, é mais uma brasileira de olho na Nasdaq. O conselho de administração da companhia controlada pelos Vilela de Queiroz autorizou o início dos estudos para redomiciliar a empresa, um processo que pode culminar com a listagem das ações no exterior — provavelmente, nos Estados Unidos.
Ao buscar uma listagem no exterior, a Minerva também quer ser percebida como um negócio que cresceu e deixou de ser majoritariamente brasileiro. Com um faturamento da ordem de R$ 26 bilhões, a companhia já faz mais de 50% fora do Brasil quando se considera a origem da produção. No destino, o mercado brasileiro responde por apenas 15%.
Conhecida pelo perfil exportador, a Minerva já obtém mais 70% da receita em dólar. A Athena Foods, divisão que abrange os negócios da companhia brasileira na Argentina, Paraguai, Uruguai, Colômbia e Chile, é a maior responsável pelos resultados da companhia.
Uma listagem nos EUA também busca múltiplos melhores. Avaliada em R$ 6,1 bilhões na B3, a Minerva negocia a um EV/Ebitda de 4,9 vezes, considerando o consenso de mercado para os resultados de 2022. A relação entre preço e lucro está em 7,6 vezes.
Em termos comparativos, a americana Tyson, gigante das carnes que vale US$ 33, 8 bilhões e está listada na Nyse, negocia a um EV/Ebitda de 7,95 vezes e a um P/E de 12,4 vezes.
Se avançar com a listagem no exterior, um processo intrincado que costuma levar muito tempo — a JBS trabalha em um projeto para tal há anos —, a Minerva fará um caminho semelhante ao da Bunge, trading de commodities agrícolas baseada na Argentina que fez IPO na bolsa de Nova York em 2001 — a sede fiscal foi para as Bermudas em 1994.
No Brasil, diversas companhias também avaliam a mudança de sede, com listagem das ações nos Estados Unidos. Recentemente, a Natura também anunciou o início dos estudos , considerando a possibilidade de ter ações nos Estados Unidos e BDRs no mercado local. Banco Inter, que já aprovou várias etapas para a migração — agora, terá de submeter o pleito novamente aos acionistas —, JBS e Locaweb também olham para uma listagem nos Estados Unidos.
A listagem de ações nos EUA também pode trazer como benefício adicional uma dupla classe de ações, o que permite alavancagem do poder político dos controladores. A estrutura de super voting shares existe em boa parte das empresas de tecnologia. Entre as brasileiras listadas lá fora, a XP é uma a adotar o modelo. Na indústria frigorífica, a Tyson é outro exemplo, concentrando o poder político na fitura de John Tyson.
Fonte: Pipeline