Acostumado com embarques e desembarques de contêineres, granéis agrícolas, líquidos, veículos e peças industriais, o Porto de Santos ampliou seu rol de mercadorias na noite desta quarta-feira (29). Após 17 anos, o principal complexo marítimo do País voltou a trabalhar com “cargas vivas”.
Nessa quarta-feira (29) , por volta das 21h30, teve início o embarque de 27 mil cabeças de gado, momento registrado com exclusividade por A Tribuna. Os bois são carregados no navio boiadeiro Nada, atracado desde a última segunda-feira (27) no ponto dois do Cais do Saboó, na Margem Direita do complexo marítimo.
O destino dos animais será o porto turco de Iskenderum, às margens do Mar Mediterrâneo. De lá, irão para fazendas do países para serem engordados.
A operação é coordenada pela equipe do Ecoporto Santos, terminal portuário do Grupo Ecorodovias localizado nessa região do cais.
A última vez em que o Porto de Santos movimentou “cargas vivas” (nome dado a carregamentos de animais) foi em 24 de fevereiro de 2000, quando um lote de 647 avestruzes, vindos da Espanha, foi descarregado no cais do Armazém 11, na região do Paquetá.
Quase 20 anos depois, o cais santista retoma esse tipo de operação, abrindo um novo nicho comercial e atraindo “cargas” tradicionalmente embarcadas em portos como São Sebastião (Litoral Norte do Estado) e os complexos do Norte.
Conforme A Tribuna apurou, os bois embarcados são, na verdade, garrotes, denominação dos touros jovens, com um peso médio de 250 kg. Eles são trazidos em caminhões especiais para este tipo atividade, os boiadeiros, e vêm de fazendas localizadas nas cidades de Altinópolis (nas proximidades de Ribeiro Preto, no norte do Estado, a 380 quilômetros da Capital) e Sabino (no noroeste paulista, próximo a Araçatuba, a 470 quilômetros de São Paulo). As propriedades são da Minerva Foods, um dos principais exportadores de carne bovina e gado vivo do País.
Em média, cada caminhão leva 900 cabeças de gado. Os carregamentos não vão vir todos de uma vez para o Porto de Santos. Serão, em média, três caminhões por hora chegando no terminal do Ecoporto Santos. No total, toda a “carga” levará entre quatro e cinco dias para vir. E o embarque é imediato.
O carregamento ocorre com o auxílio de um corredor de metal que será acoplado nos caminhões e conduz os animais a bordo. Um piso especial foi instalado no cais e equipes de limpeza foram contratadas para manter a higiene no local durante toda a operação.
O navio Nada já estava preparado para a operação, Na última segunda-feira, ele recebeu forragens (alimentos) para o gado.
Os trabalhos são acompanhados por equipes do posto local do Serviço de Vigilância Agropecuária (Vigiagro) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp, a Autoridade do Porto de Santos).
Fonte: A Tribuna