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Bem-estar animal e eficiência produtiva da fazenda

Bem-estar animal e eficiência produtiva da fazenda

16/06/2020

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Bem-estar animal e eficiência produtiva da fazenda

O Brasil figura entre os maiores produtores de carne bovina do mundo e o crescimento da pecuária brasileira é notório. A produção de carne bovina cresceu em torno de 58% nos últimos 20 anos (USDA).

Nessa mesma linha, ganha espaço o progresso qualitativo dentro da atividade pecuária, que preza pela produção de um alimento de qualidade, que agregue sanidade e sustentabilidade, com foco no bem-estar do rebanho.

Essa melhoria em qualidade está relacionada a alguns fatores que podem ser manejados pelo pecuarista dentro da porteira e que irão refletir em maior rentabilidade na hora de mandar a boiada para abate.

As condições de estresse impostas aos bovinos, por procedimentos ou instalações inadequadas durante os manejos pré-abate, refletirão diretamente na qualidade da carne e no rendimento da carcaça.

Preservar o bem-estar dos animais significa produzir mais e melhor

O estresse é um mecanismo de defesa do organismo e o resultado em submeter os animais a situações estressantes serão observados na hora de medir a qualidade da produção.

Bovinos possuem uma reserva de energia que, após o abate, será utilizada para a transformação dos músculos em carne, em um processo conhecido como rigor mortis. Em animais estressados, essa reserva é consumida pelo animal antes do abate, e sem a energia necessária a transformação não acontece e o pH da carne fica alto.

Essa alteração metabólica é responsável pelo escurecimento e endurecimento da carne, além de diminuir o tempo de prateleira do produto, uma vez que o pH alto facilita a entrada e ação de microrganismos responsáveis pela deterioração.

Além das perdas em qualidade, bovinos estressados correm maior riscos de sofrer contusões por quedas ou disputas, diminuindo também o rendimento da carcaça ao abate.

A falta desse do conhecimento sobre essa situação faz com que muitos pecuaristas acabem por atribuir as consequências do manejo inadequado a outros fatores, como a genética e/ou nutrição, não levando em conta a importância do bem-estar animal como prática de manejo para o progresso qualitativo da produção.

A seguir, relacionamos alguns cuidados simples que, se adotados, irão contribuir para a eficiência produtiva do seu rebanho:

Homogeneização dos lotes

Apesar do nome complicado, homogeneização dos lotes nada mais é que a separação do gado em lotes uniformes divididos por categoria, sexo e peso.

Esse cuidado na padronização deve estar entre as boas práticas de bem-estar animal na fazenda, e deve ser observado, pois evita disputas por hierarquia e diminui a dominância sobre animais menores, minimizando os riscos de brigas e consequentes contusões, além de evitar a disputa por alimento no cocho, garantindo a distribuição de nutrição adequada para todos os animais.

Água limpa

Outro aspecto muito importante é o fornecimento de água limpa para o gado.

A limpeza periódica dos bebedouros é um ponto muito relevante no manejo, pois aumenta a ingestão de alimento, potencializa o ganho de peso, além de contribuir para o bem-estar dos animais.

Instalações adequadas

O curral deve ser construído ou então adaptado de forma a proporcionar maior eficiência, segurança e conforto para todo o manejo a ser realizado dentro da porteira.

É necessário que a seringa do embarcadouro e as paredes da rampa sejam vedadas nas laterais e também devem estar livres de parafusos e pregos, que podem provocar lesões e ferimentos, que além de comprometer o bem-estar dos bovinos, muitas vezes evoluem para abcessos na carcaça e causam perdas produtivas, devido ao descarte das áreas afetadas após o abate.

A rampa para acesso deve ser suave, com o último lance na horizontal. A recomendação de medidas é de seis metros de comprimento para a rampa e dois metros para o lance horizontal.

Para otimizar o consumo dos suplementos, os cochos devem ser cobertos e posicionados na pastagem, facilitando, assim, a visita diária para inspeção do gado.

Descorna

A descorna dos animais é uma prática que, além de facilitar e tornar mais seguro o manejo com o gado, também evita lesões por brigas, diminui a disputa por espaço no cocho e nos bebedouros e facilita o transporte.

Considerações finais

A maior rentabilidade da pecuária por melhoria no rendimento de carcaça e qualidade da carne é reflexo não apenas de fatores que vêm depois da porteira, e estão relacionadas aos aspectos no manejo racional dentro da fazenda, que são de extrema relevância para garantir o incremento em qualidade.

A produção de carne com segurança, sanidade e sustentabilidade, levando em conta todos os aspectos do bem-estar dos animais, é cada vez mais exigida pelo mercado consumidor, que, consciente do seu papel na cadeia produtiva de carne, exige o cumprimento e aderência às normas de produção racional.

Os selos de rastreabilidade, que indicam a procedência e a forma de produção do alimento, ganham cada vez mais importância no mercado e, por sua vez, a produção que atenda à essas exigências tem maior potencial para a conquista de novos mercados dentro e fora do Brasil. Soma-se a isso o valor agregado vinculado ao produto.

Observar as determinações para o manejo racional com foco no bem-estar animal traz benefícios para a cadeia produtiva como um todo e contribui para a boa imagem da pecuária de corte nacional frente aos mercados interno e externos.