O setor agropecuário, em função da sua grande presença nacional e necessidade de produzir alimentos ao mundo, é o maior consumidor de água no planeta.
A água é um recurso natural essencial para qualquer produção e vida na terra.
Na pecuária, a implementação do manejo hídrico nas propriedades é indispensável para garantir sua disponibilidade, tanto em quantidade, quanto em qualidade.
Em sistemas de produção pecuários, o consumo de água é um dos indicadores utilizados para avaliar o desempenho zootécnico e sanitário do rebanho, uma vez que o custo para sua avaliação é baixo, de fácil compreensão e mensuração e, somado à outras informações da produção, auxilia na tomada de decisões relacionadas às questões produtivas, econômicas, sociais e ambientais (Palhares, 2013). Tratando-se da água como alimento, é muito importante que os produtores conheçam o perfil do rebanho, o comportamento de ingestão dos animais e suas necessidades diárias, que variam conforme estádio fisiológico da forrageira, ambiente, genética, manejo sanitário e nutricional e, também, peso corporal (tabela 1).
Um bovino adulto possui cerca de 55% a 70% de água em sua composição corporal, essencial em processos relacionados à fermentação ruminal, digestão e controle de temperatura corporal. Desse modo, a escassez ou baixa qualidade da água podem resultar em impactos negativos nos parâmetros zootécnicos.
Como insumo produtivo, a água é utilizada na produção de alimentos, higienização das instalações, equipamentos, limpeza de resíduos de abate e processamento.
Independente da finalidade do uso da água, a gestão do uso do recurso deve ser inserida na produção, visando um consumo reduzido e sustentável.
Mundialmente, o setor agropecuário possui importância para a produção de alimentos e fornecimento de matérias-primas. O Brasil, atualmente, é o maior exportador de carne bovina e de frango, de soja e de milho, além de papel de destaque na exportação de outras produções, como o café, cana-de-açúcar, suco de laranja, carne suína, celulose, por exemplo.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), é o setor que mais utiliza água no mundo (cerca de 70%). No Brasil, estima-se que o consumo seja de 72%. O mesmo estudo aponta que 60% da água utilizada não é reciclada posteriormente.
Tendo em vista que a água é um recurso finito, o que pode ser feito para otimizar seu uso na agropecuária brasileira?
1. Instalação de hidrômetros
Conhecer a pegada hídrica, ou seja, a quantidade total de água utilizada direta ou indiretamente na produção, pode reduzir os gastos. A instalação de hidrômetros para mensurar o consumo de água, tanto na propriedade quanto nos animais, possibilitando que o produtor identifique os limites entre consumo e perda.
2. Manejo das pastagens
A maior parte do rebanho brasileiro é criada a pasto, portanto, o manejo ideal da pastagem também contribui para uma menor ingestão de água dos animais. O uso do gotejamento ao invés da irrigação por aspersão ou pivô central diminui o fluxo constante da água e mantém o solo úmido, reduzindo o volume de água utilizado. A rotação de culturas melhora a conservação do solo, favorecendo a absorção de nutrientes e, consequentemente, a capacidade de absorção de água.
3. Captação de água da chuva
A água da chuva pode ser utilizada para o consumo dos animais e para abastecer os reservatórios. É importante investir em infraestrutura adequada, levando em consideração o número de animais e duração do período de estiagem.
4. Reuso da água
Além da água da chuva, há outras fontes que podem ser utilizadas, como domésticas e industriais, com reuso não potável ou potável. No primeiro caso, a água é utilizada em situações menos exigentes, como lavagem das instalações e irrigação. Já na segunda finalidade, visa diminuir o uso de fontes finitas de água potável.
O conhecimento e a aplicação de manejos e técnicas, desde os mais simples até os mais complexos fazem diferença no resultado. É importante ressaltar que cada produção é individual e o produtor deve se adaptar às mudanças que mais se enquadram na sua realidade, focando em uma produção mais sustentável.