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Como extrair mais do mesmo animal

Como extrair mais do mesmo animal

05/08/2020

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Mais do que nunca, a capacidade de avaliar os animais e otimizar ao máximo a produção pode ser decisiva para a rentabilidade final da atividade pecuária.

O confinamento é uma estratégia importante para intensificar a produção de carne. Além de reduzir o tempo de permanência dos animais na fazenda, ele aumenta o giro, possibilita atingir um melhor acabamento nas carcaças e também alivia as pastagens nas épocas de seca. No entanto, o sucesso da estratégia de confinamento está relacionado a três pilares: saber comprar os animais, saber comprar os insumos e saber a hora certa de abater os animais.

Na maioria das vezes, a decisão sobre o número de dias de cochos é tomada utilizando como parâmetro o peso de entrada dos animais, o peso de saída desejado e o consumo médio de matéria seca projetado. Com isso, chegamos na informação de quantos dias de cocho serão necessários para atingir a meta estabelecida inicialmente.

Pensando exclusivamente dessa maneira, avalia-se os dias de cocho somente como métrica zootécnica e não também como métrica financeira e, não necessariamente, utilizaremos 100% da sua capacidade de desempenho dos animais.

Analisando os dados do PEC (Programa de Eficiência de Carcaça), uma iniciativa da Phibro em conjunto com a Minerva Foods e a Biogénesis Bagó, que conta com o apoio da APTA de Colina, observamos que ainda temos muito para explorar dos nossos bovinos. Em 2019, foram avaliados quase 100 mil animais em duas plantas diferentes (no Tocantins e em Goiás), entre fêmeas (18%) e machos (82%), podendo observar que, em média, 62% das fêmeas e apenas 28% dos machos apresentaram acabamento adequado. Esses dados sinalizam uma oportunidade de otimizar a utilização dos animais para produção de carcaça.

A importância de definir o momento ideal para o abate

O escore de condição corporal é uma ferramenta que pode auxiliar na tomada de decisão e possui variação entre 1 e 9, onde 1 representa uma carcaça ausente de gordura e 9 carcaça com acabamento excessivo. O escore de condição corporal tem alta correlação com a classificação feita no frigorífico, onde a carcaça recebe uma classificação de acordo com a espessura de gordura, podendo ser classificada como ausente, escassa (de 1 a 3 mm), mediana (de 3 a 6 mm), uniforme (de 6 a 10 mm) e excessiva (acima de 10 mm).

Biologicamente falando, os animais são capazes de produzir carcaça de forma eficiente até o escore de condição corporal 7, onde o bovino, provavelmente, atingirá o peso maduro (ponto máximo de proteína, mesmo com deposição de gordura) ao apresentar entre 26 a 27% de gordura na carcaça. No entanto, nem todos os animais vão atingir o peso maduro com o mesmo peso vivo, podendo variar de acordo com diversos fatores, dentre eles o “frame”, sexo e nutrição.

O “frame” é a associação do peso e do grau de maturidade do animal e está relacionado com o tamanho do esqueleto, representado pela sua altura e comprimento corporal, em função da idade.

Animais de estrutura pequena, como os de raças britânicas, atingem a maturidade fisiológica precocemente, com menor peso e maior nível de gordura na carcaça em relação a bovinos de estrutura grande, por exemplo, como os de raças continentais. Sendo assim, os bovinos podem ter diferentes tamanhos de “frame” e, consequentemente, atingir o peso maduro em diferentes faixas de peso corporal (MCKIERNAN, 2005).

O mesmo acontece com o sexo, sendo necessário avaliar o potencial para cada condição sexual (inteiro, castrado ou fêmea). Como exemplo, um bovino inteiro de “frame” médio chegaria a 26,5% de gordura corporal com peso médio de 545 kg, já o mesmo animal, porém castrado, pode atingir essa mesma porcentagem de gordura antes, em média, com 455 kg de peso vivo.

Outro ponto que deve ser levado em consideração para a escolha do momento de abate do bovinos é o plano nutricional, que tem papel fundamental na taxa de ganho e, consequentemente, na composição corporal. Dessa maneira, o plano nutricional deve ser escolhido de acordo com os objetivos e com o tipo dos animais disponíveis.

Sabe-se que, durante o confinamento, existem diversas taxas de crescimento, nas quais os animais apresentam diferentes taxas de deposição de tecidos, como pode ser visto no gráfico abaixo.

Note que, na fase inicial, a principal responsável pelo acúmulo de peso vivo é a proteína, já na fase de terminação, a gordura passa a ter um papel mais importante.

Figura 1: Curva de deposição dos tecidos

Curva de deposição dos tecidos em bovinos

Fonte: Adaptado de Freitas et al., 2006. Composição corporal e exigência de energia de mantença em bovinos Nelores não castrados, puros mestiços, em confinamento

Com o aumento do peso e com essas mudanças na composição do ganho, também ocorrem alterações no rendimento do ganho, que nada mais é do que a % do ganho de peso vivo, que efetivamente está sendo ganho em carcaça (transferência carcaça). Ao aumentarmos os dias de cocho e elevarmos o grau de acabamento, a quantidade de carcaça presente dentro de cada quilo de peso ganho é alterada (Figura 2).

Figura 2: Proporção de gordura na carcaça e rendimento do ganho para diferentes níveis de acabamento

Fonte: Adaptado de Freitas et al., 2006. Composição corporal e exigência de energia de mantença em bovinos Nelores não castrados, puros mestiços, em confinamento

No entanto, exatamente nessa fase final, onde ocorre a maior transferência carcaça, temos um aumento da exigência de mantença pela composição de ganho, uma redução da ingestão de matéria seca (MS) e, consequentemente, menor consumo de energia.

Dessa maneira, para maximizar o lucro, é necessário otimizar o consumo, principalmente na fase final, prolongando o consumo eficiente de energia, através do aumento do extrato etéreo (EE) da dieta (adensamento energético) ou, ainda, através de diferentes processamentos de grãos, como a utilização de grão úmido. Além disso, faz-se necessário maximizar o período de maior lucro (fase inicial), através da adoção de protocolo de aditivos, que melhorarão o ganho de peso e a eficiência alimentar.

Considerações finais

Ao olharmos de forma criteriosa para nosso sistema de produção pecuária e pelo que somos remunerados, identificamos a importância da definição do ponto ideal de abate, pois essa análise permite obter “ganhos extras” em nossa operação.

A terminação dos animais mais pesados e com níveis de acabamento perto de 26 a 27% de gordura corporal tem se mostrado consistente em proporcionar maior rentabilidade, independentemente de pagamento adicional qualquer.

Não podemos deixar de fazer um paralelo entre a demanda energética elevada no terço final da engorda e a tendência de diminuição no consumo de matéria seca e de energia dos animais com o aumento dos dias de cocho.

Dessa maneira, o incremento de energia da dieta e uso estratégicos de aditivos que proporcionem maior consumo são alternativas viáveis. Abater bovinos mais pesados pode ser um ótimo negócio desde que exista planejamento e uso de tecnologia.

Para saber mais, entre em contato conosco, através do e-mail Phibro.SAC@pahc.com ou pelo telefone: 0800 722 8011.