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Orçamentação forrageira: passos fundamentais para aproveitar seu melhor ativo

Orçamentação forrageira: passos fundamentais para aproveitar seu melhor ativo

06/03/2024

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Orçamentação forrageira: passos fundamentais para aproveitar seu melhor ativo

A área com cultivo de pastagens no Brasil, em 2023, totaliza 155,5 milhões de hectares, conforme estimativa da Scot Consultoria com base nos dados do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig). Em razão disso, a pecuária brasileira, predominantemente, ocorre a pasto.

Ou seja, as pastagens são fator fundamental para alimentação de rebanhos em nosso país. No entanto, é comum depararmos com situações de escassez ou excesso de pasto para os animais.

É essencial que o pecuarista realize uma orçamentação forrageira eficiente. Para isso, é necessário calcular a quantidade de forragem necessária ao longo do período de pastejo, garantindo uma alimentação eficaz para o rebanho, resultando em ganho de peso sem degradação do pasto.

Um pouco de definição

Dentro dos sistemas de produção animal a pasto, a orçamentação forrageira é uma ferramenta essencial para o planejamento estratégico. Ela auxilia o produtor na gestão e no manejo das forrageiras de sua propriedade

A estratégia de orçamentação forrageira compreende um conjunto de cálculos destinados a estimar a massa de forragem ao longo de um período específico.

Esses cálculos indicarão a quantidade de forragem necessária por todo o período de pastejo para que o rebanho possa ter uma alimentação que supra suas exigências, ganhando peso e não degradando o pasto.

Três passos para realizar a orçamentação forrageira

Para fazer a orçamentação forrageira, o pecuarista deve seguir alguns passos:

Figura 1. Fluxo para realizar a orçamentação forrageira.

Fonte: Adaptado Cavalcante, 2015.

Passo 1: avaliação da quantidade e estoque de forragem disponível

A quantificação do estoque de forragem é o ponto inicial para projetar o estoque de alimento na propriedade. Esse estoque representa a massa total de forragem existente na área.

Para este levantamento, podemos adotar um método direto ou indireto.

O método direto é o mais trabalhoso, e o mais confiável. Ele consiste no corte de amostras da forragem, entre 5 e 25 amostras por piquete, de preferência ao nível do solo, com área conhecida, normalmente delimitada por uma moldura de metal ou madeira de 1 a 2 m².

Após cortar toda a forragem dentro da área delimitada, o material coletado deve ser acondicionado em sacos de papel e pesado. A partir da coleta dessas informações, o produtor pode extrapolar o peso para a área total, em hectares, determinando a quantidade de “kg/ha” de forragem instantânea do pasto.

Determinada essa informação, o produtor pode calcular o número possível de pastejos, projetando em quilogramas por hectare (kg/ha) ou toneladas por hectare (ton/ha) todo o período de águas ou de seca.

Já o método indireto busca atenuar as limitações inerentes ao método direto na avaliação de extensas áreas de pastagens. Embora, em geral, esse método apresente menor precisão, sua vantagem reside na simplicidade operacional.

Como métodos indiretos, podemos citar a medida da altura do dossel, a estimativa visual e o uso do disco medidor:

  • Altura do dossel

O dossel refere-se à camada superior de uma vegetação. Em pastagens, a altura do dossel pode ser medida como parte da avaliação da biomassa e condições de pastoreio.

A medição da altura do dossel é uma prática amplamente adotada para determinar o momento adequado para a entrada e saída dos animais de determinado piquete, realizado através da consulta de uma tabela que indica a altura ótima de entrada e saída.

  • Estimativa visual

É considerado um método simples para estimar a quantidade de forragem disponível e, mesmo que pareça impreciso, o treinamento do observador pode trazer resultados confiáveis;

  • Disco medidor

Método que se fundamenta na relação entre a produção de matéria seca e a altura/densidade das plantas. O equipamento consiste em uma haste graduada conectada a um disco metálico de área conhecida (que pode variar de 0,2 a 1,0 m²). Ao pressionar o disco sobre a vegetação, a haste indica a altura média das plantas. Essa altura é então usada para calcular a quantidade estimada de matéria seca por unidade de área

Após o levantamento, o cálculo deve ser feito usando a seguinte fórmula:

Forragem disponível = nº de ha x prod. mês/ano

Definido o estoque de forragem, o produtor parte para a estimativa de necessidade de forragem dos animais para determinado período.

Passo 2: avaliação da necessidade de forragem pelo gado

A necessidade de manutenção dos níveis produtivos dos bovinos, seja para ganho de peso ou para produção de leite, é fundamental para determinar a demanda por alimento no sistema de produção e no orçamento forrageiro.

No entanto, cabe relembrar, essa variável depende de variáveis como categoria animal, peso, sexo, estágio fisiológico, qualidade do alimento fornecido, entre outras.

Além da ingestão de matéria seca, é necessário considerar a forragem perdida no processo de pastejo, representada pela diferença entre a forragem produzida (acumulada) e a forragem que foi realmente consumida pelos animais.

Kg de forragem necessários por mês = nº de animais x % peso vivo¹ x peso² x nº de dias do mês

¹O percentual do peso vivo pode variar de 0,5% a 3,0% dependendo da categoria do bovino.

²Peso médio do rebanho ou da categoria animal utilizada.

Para fins de planejamento forrageiro, sugere-se perdas de 60% a 70% — isto é, 30% a 40% de utilização da forragem. Assim, conseguimos determinar a quantidade de animais que alocaremos em determinada área.

Passo 3: Análise dos dados e projeto de planejamento estratégico

A tabulação e análise das informações são os últimos passos do processo de orçamentação forrageira.

Nesta fase, é possível identificar as épocas de escassez e de excesso de forragem na propriedade, e é aqui que chega o momento da tomada de decisão.

Saldo = Passo 1 – Passo 2

Saldo positivo: significa que há sobra de forragem;

Saldo negativo: significa que há falta de forragem.

Durante a tomada de decisão, deve-se levar em conta alguns fatores como:

  • Ampliar ou reduzir a lotação animal das pastagens;
  • Ampliar ou reduzir área de pastejo;
  • Procurar por forrageiras mais adaptadas à demanda regional;
  • Adaptar a dieta dos bovinos para atender todas as exigências nutricionais (acrescentar suplementação mineral ou alimentos concentrados).

A elaboração do orçamento forrageiro deve ser iniciada no início de cada ano e ajustada ao longo dos meses, garantindo flexibilidade e adaptação.

Agora que já falamos sobre orçamentação forrageira, que tal continuar aprendendo sobre temas que podem fazer diferença para o seu negócio?

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