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Sanidade animal: doenças no confinamento

Sanidade animal: doenças no confinamento

29/01/2024

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Sanidade animal: doenças no confinamento

Panorama geral

O confinamento é uma prática já consolidada para a terminação/engorda de bovinos, que consiste no alojamento dos animais em piquetes ou currais com espaço restrito, recebendo uma oferta controlada de água e alimentos através de cochos. Geralmente, o confinamento é adotado durante a estação seca do ano, devido à escassez de forragem disponível para pastejo.

Com isso, a concentração de muitos bovinos em um espaço restrito propicia o surgimento de diversas doenças. Dentre os problemas mais recorrentes em confinamentos de bovinos, destacam-se a pneumonia, ceratoconjuntivite, diarreia, complicações relacionadas ao casco, timpanismo, acidose, intoxicação por ureia, doenças infecciosas e metabólicas, papilomatose, enterotoxemia, parasitoses, entre outras.

O complexo das doenças respiratórias dos bovinos (DRB) segue registrado como maior problema em relação à saúde dos bovinos confinados.

Estatísticas revelam que, levando em conta o sistema de produção em confinamento, as doenças respiratórias são as mais prevalentes, representando de 67% a 82% dos casos. Além delas, doenças infecciosas, parasitárias e mortes súbitas somam de 14% a 28% das ocorrências, enquanto problemas digestivos representam outra parcela significativa, variando de 3% a 7% do total de casos.

As estatísticas se confirmam de acordo com o mapeamento realizado pelo Confina Brasil, pesquisa-expedicionária promovida pela Scot Consultoria. A partir da análise de dados coletados em 180 propriedades de produção intensiva, a pneumonia se destaca como a doença mais preocupante, exigindo atenção especial de criadores e profissionais da área (figura 1).

Figura 1. Distribuição percentual das principais doenças que acometem os confinamentos visitados.

Fonte: Confina Brasil, 2023/ Elaborado por Scot Consultoria.

Doenças respiratórias, como a pneumonia bovina, foram mencionadas pelo menos em uma ocasião em 72,8% das propriedades pesquisadas. Em seguida, temos as doenças de casco mostrando-se significativas, com incidência em 67,9% das propriedades. Em terceiro lugar, surgem referências a traumas, bem como casos de timpanismo e acidose, ambos com uma frequência de 45,1% entre os confinamentos visitados. Segundo o resultado da pesquisa, além das doenças mencionadas, também foram observadas outras condições de relevância nos confinamentos, tais como tristeza parasitária, ceratoconjuntivite e papilomatose.

Complexo das doenças respiratórias dos bovinos (DRB)

Os bovinos mais suscetíveis às DRB são geralmente aqueles que têm seus sistemas imunológicos enfraquecidos por fatores externos como, por exemplo, o estresse causado pelo manejo e transporte, a adaptação a um novo ambiente e a presença de patógenos, incluindo vírus e bactérias.

Além disso, a temporada de seca, que prevalece na maior parte do país de abril a setembro, agrava a incidência dessas doenças. Isso se deve à presença de poeira em suspensão no ar e à baixa umidade, que comprometem a capacidade de defesa do sistema respiratório dos bovinos.

Inicialmente, a infecção é desencadeada por um vírus, atuando como agente primário e levando ao desenvolvimento de uma bronquite que compromete o sistema imunológico. Isso cria as condições ideais para a colonização do trato respiratório por bactérias, atuando como agentes secundários.

Os principais patógenos associados às doenças respiratórias em bovinos incluem uma variedade de vírus, com destaque ao sincicial respiratório bovino (BRSV), considerado o agente mais significativo.

Além disso, são notáveis os vírus da parainfluenza bovino tipo 3 (PIV-3), o herpes vírus bovino tipo 1 (BoHV-1), responsável pela rinotraqueíte bovina infecciosa (IBR), e o vírus da diarreia viral bovina (BVDV).

É importante adotar intervenções rápidas e eficazes, empregando antimicrobianos, para tratar prontamente bovinos doentes. Essa abordagem visa prevenir o agravamento dos sinais clínicos, reduzir a morbidade e evitar aumentos na taxa de mortalidade do gado.

A implementação de um protocolo sanitário adequado, que inclua vacinação, avaliação constante dos bovinos em busca de sinais clínicos e o uso de metafilaxia durante a entrada do gado no confinamento, desempenha um papel fundamental na mitigação dos prejuízos causados por doenças respiratórias. Tais prejuízos incluem a diminuição da eficiência alimentar do rebanho, menor ganho de peso e aumento de dias de cocho, resultando em menor desempenho do bovino, além de custos adicionais com tratamentos.

Quanto às bactérias, as mais frequentemente associadas às DRB são Mannheimia haemolytica, Pasteurella multocida, Histophilus somni e Mycoplasma bovis.

Visto que os problemas de DRB são recorrentes nos confinamentos, medidas metafiláticas podem ser adotadas, como a vacinação dos bovinos ao chegarem no confinamento.

Figura 2. Visão da importância da vacinação preventiva em confinamentos contra pneumonia, em porcentagem.

Fonte: Confina Brasil, 2023/ Elaborado por Scot Consultoria.

Considerações finais

Embora haja uma escassez de dados precisos, visto que os maiores problemas relacionados à saúde do rebanho em confinamentos partem do complexo respiratório, como citado anteriormente, estima-se que, no Brasil, as despesas relacionadas a animais afetados por DRB alcancem aproximadamente US$ 6,31 milhões anualmente, sendo US$ 5,54 milhões decorrentes da mortalidade causada pela enfermidade.

Sendo assim, conclui-se que a imunização do rebanho contra esse complexo de doenças emerge como a medida mais eficaz para assegurar a saúde e a rentabilidade do sistema pecuário.