João Sampaio, diretor de Relações Institucionais da Minerva Foods. (Foto: Divulgação)
Em todos os países do Golfo, em especial Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, há projetos governamentais que miram a diminuição da dependência do alimento importado. Todos esses planos foram acelerados na pandemia de Covid-19 e estão demandando tecnologias para viabilizar o cultivo de alimentos e a criação de animais no clima desértico. Há grande oportunidade para as soluções que já existem no agronegócio brasileiro, disponibilizada por instituições como a Embrapa, que podem firmar projetos de cooperação com instituições árabes.
Um bom exemplo disso foi evidenciado durante Missão do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) na Arábia Saudita, realizada em 2023, quando me dá o ministro Carlos Fávaro anunciou a formação do grupo de trabalho para a estruturação da parceria entre os países no maior programa de produção sustentável de alimentos do mundo, desenvolvido pelo Mapa. A iniciativa visa a conversão de pastagens de baixa produtividade em áreas agricultáveis. Na época, a delegação brasileira também desembarcou em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, para promover o programa de intensificação da produção de alimentos e a ampliação das parcerias técnicas e comerciais.
De acordo com dados compilados pelo departamento de Inteligência de Mercado da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, as exportações do Brasil para o bloco de 22 países árabes no Oriente Médio e Norte da África tiveram alta prevalência de produtos do agronegócio. Açúcar, carne de frango, milho, soja e seus derivados, carne bovina e café são alguns dos destaques nesta cesta de produtos. Os principais destinos foram Emirados Árabes Unidos, que importaram do Brasil o equivalente a US$ 3,26 bilhões em 2022, crescimento de 40,09% sobre 2021. Em segunda posição, vem a Arábia Saudita, com o total de US$ 2,92 bilhões, alta de 41,26% no mesmo comparativo.
Tendência
Neste sentido, o mercado Halal – produtos elaborados conforme as leis islâmicas – conta com 1,9 bilhão de consumidores no mundo. Nos próximos anos, a população islâmica representará 25% da população global, promovendo um expressivo crescimento de consumo. Prevê-se que o mercado internacional de alimentos Halal se expanda a uma taxa de crescimento anual de 4,52%, de acordo com uma nova previsão da consultoria Technavio, que acrescentou que este setor deverá faturar US$ 427,68 milhões até 2027.
Murilo Corral dos Santos, diretor de exportação da Minerva Foods, conta que a estratégia comercial da empresa está muito ligada com a região. “Temos uma responsabilidade como empresa de não só atender os mercados de Oriente Médio e norte da África, senão também todos os mercados halal ao redor do mundo”, afirma.
A empresa considera a diversificação geográfica um item extremamente relevante em sua estratégia comercial, pois permite mitigar riscos, ao não depender de um só mercado. “Temos uma plataforma de negócio estabelecida em seis mercados que nos permite atingir clientes ao redor do mundo de forma muito menos arriscada”, analisa Santos.
Potencial
O executivo explica que a estratégia da Minerva é estar próximo do cliente e ter pessoas que entendam a cultura local. Segundo Santos, isso é muito importante para entender como oferecer soluções para esse cliente de forma mais sustentável. O CCO da companhia fica baseado em Dubai, nos Emirados Árabes, “a um voo de distância” para qualquer país e entre a Ásia e a América Latina, permitindo que se tenha uma total cobertura dos fusos horários, agilizando a comunicação e facilitando a transmissão de informação entre os escritórios e os países onde atua a empresa. No Oriente Médio, a companhia possui escritórios na Argélia, no Egito, no Líbano, Arábia Saudita e em Dubai.
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Fonte: Revista LIDE.