De acordo com o USDA – Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, produção sustentável é a aplicação de experiências e conhecimentos científicos para a criação de sistemas agrícolas integrados, visando a conservação dos recursos naturais, mantendo e melhorando a produtividade e tendo viabilidade econômica.
A preservação do meio ambiente é muito correlacionada às práticas sustentáveis. Hoje, o Brasil possui alto potencial produtivo com pouco ou nenhum incremento de áreas. Além disso, o país detém uma das legislações mais fortes e robustas para a preservação do meio ambiente que é o Código Florestal Brasileiro.
Além da preservação ambiental, trazendo o conceito para “ dentro da porteira”, o uso de práticas sustentáveis pode definir a continuidade na atividade e perpetuação do negócio para as próximas gerações.
Atualmente, a sociedade apresenta um nível de consciência maior sobre como é produzido o alimento que chega em suas mesas, e cada vez mais, exige métodos sustentáveis para a produção dos alimentos que adquirem, de forma a contribuir com maior conservação do solo, menor uso de água, insumos e demais recursos naturais.
Por que adotar um modelo sustentável de produção?
Adotar um modelo sustentável não é mais uma questão de escolha, mas sim de manutenção na atividade, com diversas empresas hoje atuando com foco na produção sustentável.
A pecuária nacional é, em sua maioria, conduzida em pasto. Essa característica é responsável pelo aumento de práticas de bem-estar dos animais, além da possibilidade de consorciação com outras culturas, aumentando a fixação de nutrientes no solo e ganhos por área.
Nos últimos anos, o Brasil reduziu a área de pastagens, com um aumento da produção nacional de 1,5@/ha para 4,5@/ha, reflexo da intensificação da produção.
O avanço no caminho para uma produção sustentável requer alguns requisitos, como a intensificação do uso de tecnologias, a conservação da biodiversidade, promovendo ética na exploração agropecuária e, principalmente, redução na emissão de gases do efeito estufa, além do bem-estar animal e social dos envolvidos no processo.
Sustentabilidade é bom para o planeta e para o negócio!
A promoção de uma pecuária sustentável, adaptada a um processo de integração lavoura pecuária (ILP), traz ganhos muitas vezes “invisíveis”, como a melhora dos níveis nutricionais do solo, a consequente melhoria na qualidade do pasto, melhor aproveitamento da área, possibilitando a exploração conjunta de culturas agrícolas, bem como reaproveitamento dos dejetos bovinos, em forma de adubo para a lavoura.
O uso sustentável da área produtiva pode promover a produção de até três culturas no ano, consorciando soja-milho-pecuária, o que diversifica a renda da produção e diminui riscos, além de contribuir para a recuperação e renovação de pastagens degradadas, que após recuperadas contribuem para combater as mudanças climáticas, por meio de sequestro de carbono, onde a planta absorve o gás carbônico, devolvendo à atmosfera, o oxigênio. Para que isso aconteça de forma satisfatória, é importante que o pecuarista tenha uma boa gestão de todo o processo e use com precisão os recursos necessários, adaptando a tecnologia às especificidades e objetivos da propriedade rural.
Produção sustentável é tendência no exterior e cresce no Brasil
Segundo a pesquisadora Renata Nassu, da Embrapa-Sudeste, nos Estados Unidos, na Europa e na Austrália, os consumidores já possuem preocupação com a rastreabilidade e questões socioambientais.
Redes de supermercados especializados em produtos diferenciados se multiplicam, sinalizando promissor nicho de consumo para ser explorado.
Uma pesquisa da Embrapa Pecuária Sudeste (2019) sobre o perfil do consumidor brasileiro mostra que mulheres com mais de 50 anos, com renda elevada e grau de escolaridade superior são as que mais se preocupam com práticas sustentáveis relacionadas à criação dos animais na hora de comprar carne.
Essas consumidoras valorizam a qualidade do produto em detrimento do preço e dão alta atenção às informações contidas nos rótulos. Grupos de consumidores como esse são capazes de motivar a expansão de práticas pecuárias sustentáveis que demonstrem cuidados com os animais, com o ambiente e com os trabalhadores envolvidos da produção.
Sustentabilidade não deve ser sinônimo apenas de práticas que se relacionem ao meio ambiente, mas também ao negócio em si, num processo simbiótico entre as partes envolvidas, trazendo avanços e ganhos econômicos, garantido a manutenção da atividade para as próximas gerações e preservação dos recursos naturais e do meio ambiente.