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A pecuária de ontem X A pecuária de hoje

A pecuária de ontem X A pecuária de hoje

07/08/2020

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A pecuária de ontem X A pecuária de hoje

Braço forte do agronegócio nacional, a pecuária brasileira cresce e se consolida a cada ano.

Entretanto, apesar dos indicadores impressionantes, ainda existe muito espaço para crescimento e desenvolvimento no setor, visto que a produção de bovinos de corte no Brasil, majoritariamente, ainda segue o modelo tradicional de produção, com pouco ou nenhum investimento em tecnologia.

A escolha do modelo de produção impacta na produtividade animal e na eficiência produtiva, refletindo nos resultados econômicos e, consequentemente, no bolso do pecuarista.

Participação da pecuária brasileira na economia nacional

Em 2019, o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil foi de aproximadamente R$7,3 trilhões, um aumento de 5,3% em relação a 2018, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

Parte desse aumento foi puxado pelo PIB da pecuária, que cresceu 28,8% na comparação anual e registrou participação de 6,8% em relação ao PIB total em 2019, frente a 5,6% em 2018, considerando os valores nominais.

Pecuária de ciclo tradicional

Grande parte das propriedades rurais que se enquadram no sistema tradicional apresentam baixo ou nenhum investimento em tecnologia.

São características desse sistema de produção pecuária:

  • Abate tardio de animais;
  • Menor potencial de utilização da área;
  • Menor liquidez;
  • Margem de lucro muitas vezes baixa e/ou inexistente.

No Brasil, a predominância da produção pecuária é extensiva e semiextensiva, e a criação a pasto é dependente do suprimento dos nutrientes vindos das pastagens, tendo como aditivos mais utilizados o sal mineral e o suplemento ureado, comumente inseridos na alimentação dos bovinos criados nesses sistemas de produção, nas épocas de seca.

A opção pelo uso contínuo dos sistemas extensivos e semiextensivos na pecuária de corte traz consigo, além das limitações nutricionais de uma dieta composta quase que exclusivamente por volumoso, a preocupação adicional com a degradação contínua nas propriedades, principalmente nas áreas de pastagem.

O abate tardio dos animais também é um problema recorrente. Os bovinos são abatidos tardiamente e as matrizes selecionadas para reprodução, no período da primeira cria, apresentam idade acima de 28 meses. Esses fatores prolongam o ciclo de produção e, consequentemente, aumentam o tempo de retorno do investimento, muitas vezes inviabilizando a atividade.

A falta de indicadores e do acompanhamento dos resultados, comumente observada no modelo tradicional de produção pecuária, é pouco eficiente economicamente e, de certa forma, “perigosa” para os produtores que, sem ter em mãos os números de sua fazenda, acabam por transformar pequenos erros em grandes perdas!

Dessa forma, muitos produtores acabam não enxergando o “prejuízo”, que é diluído em algum outro parâmetro, como o custo de pastagem por animal, por exemplo, fazendo com que muitos produtores desistam de continuar na atividade pecuária com o passar dos anos.

Pecuária de ciclo curto

A pecuária de ciclo curto pode ser descrita de várias maneiras, mas o que todas as definições têm em comum é a intensificação do sistema de produção, que pode ser feita por investimentos em nutrição, genética, manejo e demais parâmetros e índices da fazenda.

Entretanto, é importante observar que investir em um único parâmetro não refletirá em aproveitamento máximo do potencial produtivo da atividade, ou seja, não adianta focar somente em nutrição e deixar de lado a genética e o manejo.

É importante ressaltar que o sistema de produção pecuária de ciclo curto visa aumentar a produtividade por animal e por área, com o abate precoce dos animais.

A pecuária de ciclo curto é caracterizada por:

  • Foco na produção e abate de animais precoces;
  • Maior taxa de lotação de animais por hectare;
  • Maior liquidez;
  • Maior margem de lucro.

De acordo com Paulino et al., 2002, a pecuária de ciclo curto é um caminho para incrementar a rentabilidade de cada produtor, bem como a eficiência e a competitividade da bovinocultura de corte, uma vez que se tem um produto conhecido por sua superioridade em qualidade, produzido em períodos mais curtos e com custos cada vez menores.

Já para Sérgio Medeiros, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, “a pecuária de ciclo curto seria aquela em que a idade de abate do animal ou a idade da primeira cria é significativamente reduzida em relação aos 30-36 meses usuais”.

Como vantagens desse sistema, podemos citar a elevação do giro de capital investido, a liberação de áreas da propriedade para outras atividades e a necessidade de menos área para a produção da mesma quantidade de carne, preservando, quando não maximizando, o ganho em produtividade.

Gráfico 1

Considerações finais

Cada vez mais, o investimento em tecnologia é imprescindível para manter-se competitivo na atividade pecuária e a intensificação da produção é uma ferramenta fundamental para alcançar a lucratividade desejada, visto que a margem líquida da pecuária se estreita a cada dia.

Em um sistema intensificado, obtém-se a máxima eficiência produtiva dos animais e, diante da maior produtividade, os altos custos da atividade se diluem.

Para isso, é necessário que o pecuarista tenha os dados do negócio sob seu controle, esteja sempre atento às novas tecnologias que surgem no mercado e não deixe de investir na atualização e capacitação da sua equipe!