A brasileira Minerva Foods , maior exportadora de carne bovina da América do Sul, voltou a bater recorde no terceiro trimestre. No balanço, a companhia controlada pela família Vilela de Queiroz registrou um lucro líquido de R$ 141,5 milhões, quase o dobro quando comparado ao resultado de R$ 72,4 milhões reportado no terceiro trimestre do ano passado. A companhia vem aproveitando a maior oferta de gado no Brasil, um cenário que deve persistir pelos próximos dois anos.
Em compensação, países do Hemisfério Norte — notadamente os EUA — já sofrem com o gado mais caro escasso, o que amplia a competitividade da Minerva . No trimestre, o grupo brasileiro obteve quase 70% do faturamento na exportação de carne bovina. “O cenário é bastante favorável para a América do Sul”, afirmou o CEO da Minerva , Fernando Galletti de Queiroz. Segundo ele, a inflação de energia nos países desenvolvidos ajudou a aumentar os preços dos grãos de forma estrutural na medida em que mais soja será usada para o biodiesel e milho, para etanol. O boi da América do Sul é mais alimentado com pastagem, o que minimiza o impacto dos grãos nos preços em comparação com países da América do Norte.
Diante da conjuntura positiva, a Minerva teve uma receita líquida de R$ 8,4 bilhões no terceiro trimestre, crescimento de 14,5% na comparação anual. A empresa bateu recorde no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês). De julho a setembro, o Ebitda da Minerva chegou a R$ 806,2 milhões, aumento de 24,4%.
Com isso, a margem Ebitda da companhia cresceu 0,8 pontos na mesma base de comparação, passando de 8,8% para 9,6%.De acordo com Edison Ticle, diretor financeiro da Minerva , a empresa reduziu o endividamento mesmo com a depreciação do real ao longo do terceiro trimestre (a moeda saiu de R$ 5,25 para R$ 5,40), o que teve um impacto negativo (sem efeito sobre o caixa) de R$ 300 milhões por causa da marcação em reais da dívida em dólar. Mesmo com isso, o fluxo de caixa positivo ajudou a dívida líquida cair de R$ 6,6 bilhões no fim do segundo trimestre para perto de R$ 6,4 bilhões.
No terceiro trimestre, a Minerva também gerou R$ 536 milhões em fluxo de caixa livre. A maior parte desse efeito veio da melhora no capital de giro, com a redução das necessidades de capital nos recebíveis de exportação. “Tivemos uma eficiência maior na conversão de caixa”, disse Ticle.
Com mais caixa e um Ebitda recorde, a Minerva fechou o terceiro trimestre com um índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda em doze meses) de 2,2 vezes, diminuição de 0,2 ponto quando comparada ao índice de 2,4 vezes de alavancagem registrada em 31 de julho. A Minerva está avaliada em R$ 8,7 bilhões em bolsa. No ano, a ação da empresa subiu 41%.
Fonte: Valor Investe