Para a Minerva Foods, manter padrões sustentáveis em um setor tão desafiador quanto o da pecuária é uma missão que inclui o olhar para o fornecimento em larga escala. É um desafio estrutural imenso para uma cadeia de abastecimento que recebe cerca de 12.000 novos fornecedores ano a ano. Para avançar nessa frente e não cortar os laços entre impacto e produção de carne, a Minerva aposta em uma ferramenta de rastreio e monitoramento de fornecedores indiretos que permite a análise de áreas.
Agora, o novo passo sustentável da exportadora está na criação da Carbon on Track, uma plataforma que mensura as emissões de carbono em fazendas pecuaristas da América Latina, como uma tentativa de empoderar os pequenos produtores (e claro, fornecedores da Minerva), e fazê-los entender a fundo que tipo de impacto seus pastos geram no mundo.
Desenvolvida em parceria com a ONG Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), o programa fará o balanço de carbono de 25 fazendas fornecedoras no Brasil, Argentina, Colômbia, Paraguai e Uruguai que juntas, cuidam de mais de 232.000 cabeças de gado e possuem mais de 185.000 hectares de pastagem.
A criação da ferramenta faz parte de um plano mais extenso da companhia, assentado em um programa chamado de “Renove”, de incentivo à ocupação territorial sustentável, explica Taciano Custódio, diretor de sustentabilidade da Minerva. “Com o Renove, nossa missão é ajudar produtores a proteger a biodiversidade e recursos hídricos, mas isso depende de um modelo de ocupação rentável”, diz. “Sem essa rentabilidade não é possível investir em redução da idade de abate, tecnologia e novas formas de nutrição. O primeiro grande passo para tudo é medir e fazer o balanço de carbono”.
No projeto piloto, proprietários das 25 fazendas compartilharam informações sobre o dia a dia da produção e, em troca, receberam o balanço completo das emissões, dicas para uma melhoria sustentável e para redução das emissões poluentes nas propriedades e, por último, uma certificação sustentável emitida pela Preferred By Nature. Para o teste, foram escolhidas as propriedades com maior proximidade com a cadeia de fornecimento da Minerva.
Os resultados foram promissores. As fazendas monitoradas passaram a emitir 44% menos gases de efeito estufa (GEE) em comparação com a taxa média mundial para emissões na produção de carne bovina, segundo a Minerva. “É algo muito melhor do que esperávamos”, diz Custódio.
A longo prazo, a intenção da empresa é permitir que esses pecuaristas também ampliem suas próprias jornadas ESG e que, com o conhecimento em mãos e as boas práticas em funcionamento nas fazendas, esses produtores possam se conectar ao mercado global de créditos de carbono e pagamento por serviços ambientais.
A ocasião escolhida pela Minerva para fazer o anúncio e exibir os bons números do projeto foi a COP26, Conferência do Clima da ONU, que aconteceu neste mês de novembro em Glasgow, na Escócia.
Para Custódio, as intenções da Minerva com o Carbon on Track podem ser resumidas a uma visão de longo prazo, com foco na importância de grandes indústrias e empresas exportadoras no sistema global de alimentação. “Em um sistema alimentar global tão conectado como o que temos hoje, é fundamental que haja a percepção de que o Brasil tem o papel de alimentar o mundo”, diz.
Em outra frente, a possibilidade de trabalhar com certificações ambientais aproxima a empresa de assumir a dianteira no promissor mercado da pecuária de baixo carbono. A Minerva se comprometeu a ter 100% da sua produção livre de carbono até 2035, além de eliminar o desmatamento ilegal de toda a cadeia.
Fonte: Invest Exame